Existem temas que as pessoas fogem dele. Nada é mais frustrante para um debatedor socrático que um interlocutor contaminado pela superstição ou pelo medo de esgotar o debate sob a medíocre intersecção de que “futebol, política e religião não se discute”. Sob esse odioso chavão, aproveitam para enlatar todos os temas considerados polêmicos. A meta é que o Blog atinja 1.000 temas polêmicos, e, ao final virar um livro com os principais debates produzidos pelos internautas. Joselito Hajjar
sábado, 9 de abril de 2011
6) CAPITALISMO LIBERAL X SOCIALISMO MARXISTA
O maior obstáculo no campo dos debates das idéias é a desonestidade argumentativa, ou seja, a utilização de subterfúgios em forma de sofismas, diante de evidências exaustivamente comprovadas. Os campeões em utilizar desse subterfúgio são os socialistas marxistas.
A própria necessidade em ter que rotular essa turma de “socialista marxista” é fruto desse fenômeno. Na década de 70 bastaria dizer socialistas ou mesmo comunistas, pois naquela época eles adoravam essa rotulação.
Com a queda do muro de Berlim e o fracasso de todas as nações comunistas, os ditos intelectuais de esquerda se recusaram em admitir a supremacia do capitalismo sobre o dito socialismo. Daí, no alto de suas arrogâncias, criaram subterfúgios através de novas nomenclaturas com explicações enfadonhas.
Desmoralizados, marxistas de carteirinha, começaram a se auto intitular de sociais democratas, socialismo alternativo, moderado ou qualquer coisa do gênero. Foi justamente com esse papo furado que o senhor Hugo Rafael Chávez Frías tomou o poder na Venezuela. Uma vez no poder pulsou nas suas veias o bichinho marxista, perseguindo instituições e subjugando o povo, pois, sistema tão furado e irreal, somente pode vigorar por imposição e jamais por consenso.
Essa desconstrução da lógica foi tão sistematizada na nossa querida América Latina que até os representantes dos partidos liberais brasileiros caíram no canto da sereia. O Partido Liberal se intitulou Republicano e o Partido da Frente Liberal se intitulou Democratas, em referencia justamente aos dois principais partidos americanos. O fato é que os representantes desses dois partidos quiseram tirar o nome liberal de suas nomenclaturas, como se liberalismo fosse condição depreciativa.
A verdade é que infelizmente os liberais brasileiros não estão representados nos partidos políticos, justamente porque os dirigentes dos dois únicos partidos que representava o movimento nunca tiveram nada de liberal.
O liberalismo de fato não combina com oligarquias como a do senador José Sarney e do ex vice presidente José de Alencar. Não combina com o enriquecimento questionável de Paulo Maluf e nem com os cartórios de Antonio Carlos Magalhães. O liberalismo não combina com privilégios, com monopólios, com protecionismos. Não é à toa que essa turma se entrosou tanto com o marxista José Dirceu, haja vista que o “modus operandi” de um é igual ao do outro.
Os liberais de verdade estão atrás da maioria das pequenas e médias empresas. Aquelas que se não fizerem seus deveres empresarias quebram no mesmo dia. É o dono da padaria que trabalha de 12 a 16 horas por dia. O dono do pequeno mercado. O profissional liberal que se não trabalhar não come. Estes, quando entram na política, muitas vezes entram em partidos cujas estruturas estão firmadas em base protecionista, distante de suas realidades.
Por esse motivo, as estruturas de poder no Brasil são todas contaminadas, pelas dezenas das falsas premissas implantadas pelos socialistas, refletindo em ações formuladas tanto pelo Poder Executivo, como pelos outros dois Poderes, o Legislativo e o Judiciário.
O resultado de tudo isso é conviver com tantos equívocos governamentais, legislativos e jurisdicionais, como são as regras de execução do programa Bolsa Família, das ditas cotas raciais, de legislações bisonhas como é o caso da Lei da homofobia e das regras protecionistas impostas no Estatuto da Criança e do Adolescente, resultando consequentemente, em decisões judiciais distantes da realidade do homem médio.
Contra tudo isso estão os fatos com sua lógica implacável, colocando todo deslumbramento humano por terra. Talvez seja que por esse motivo que as democracias liberais capitalistas permitem o proselitismo socialista e comunista e as ditaduras comunistas socialistas não permitem qualquer proselitismo capitalista e liberal. A primeira se sobrepõe devido as premissas racionais que a sustenta, em detrimento do deslumbramento ideológico da segunda.
O maior exemplo dessa assertiva são os famosos espaços alternativos, normalmente incorporados naqueles bares, cujo público é diversificado em minorias culturais, sexuais e de costume. Trocando em miúdos, aqueles bares GLS, normalmente freqüentados por artistas, intelectuais, emos, roqueiros, poetas, etc.
Na sua grande maioria, normalmente, essas tribos são contra o famoso “sistema neoliberal”, porém adoram freqüentar esses espaços comerciais só encontrados em grandes metrópoles capitalistas.
Os mesmos “bichos grilos” que viessem a visitar as extintas União Soviética e Alemanha Oriental jamais encontrariam os tais espaços alternativos, pelo simples fato de ser proibido qualquer manifestação de rebeldia. Essa realidade é presente também na Coréia do Norte, na China e em Cuba.
E por falar na Alemanha, não existiu melhor laboratório experimental dos dois sistemas do que o demonstrado no milenar país germânico. Berço da cultura mundial e por ironia a terra do próprio Karl Marx, mas também de Wolfgang Amadeus Mozart, Franz Kafka, Friedrich Nietzsche, Arthur Schopenhauer, Emmanuel Kant, Georg Hegel, Johann Sebastian Bach, Georg Friedrich Händel e Ludwig van Beethoven, só para ficar nesses exemplos.
Dividiu-se no meio, sendo que o lado ocidental adotou o liberalismo/capitalismo americano e o lado oriental adotou o combativo socialismo/comunismo soviético. O mesmo povo (homogêneo diga-se de passagem) a mesma língua e a mesma cultura.
Em menos de quatro décadas, o lado comunista apodreceu e o lado capitalista prosperou. E prosperou a tal ponto de ter forças para salvar o lado doente. Trata-se da famosa realidade nua e crua e que muitos deslumbrados teimam em ignorar.
Eu não ignoro e por isso compartilho.
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Comentei no Blog Paçoca com Cebola que fez o seguinte comentário:
ResponderExcluir"Por mais de uma década o PT demonizou o PSDB como um partido privatista. Realmente o PSDB privatizou várias empresas, e nunca negou. Já o PT faz exatamente o mesmo, como agora com os aeroportos, mas nega."
http://londrina.odiario.com/blogs/pacocacomcebola/2011/04/27/veja-bem-28/#comments
Essa conversa de privatização ser coisa ruim é o maior estelionato ideológico que impuseram na cabeça dos incautos. O problema do Brasil é que o liberalismo de verdade não tem representante a altura. Os partidos que propuseram defender a bandeira do liberalismo eram representados por coronéis que mais se assemelhavam a um agente da antiga gestapo do que um liberal propriamente dito. Ao ponto que PFL e PL mudaram suas nomenclaturas sob o pretexto de esconder o termo LIBERAL. Gente, liberalismo deriva de liberdade. Se pudéssemos reduzir o tempo do homem na terra em um litro (1.000 ml), teríamos 1 ml de liberdade e 999 ml de totalitarismo. Com todos os defeitos das democracias atuais, vivemos na fração desse 1 ml, uma espécie de oásis da liberdade, mesmo que reduzida e imperfeita. O Estado, esse ente fictício que parece ter ganhado vida própria, tende a ser totalitário porque tem prerrogativas arbitrais como o poder de polícia, de cobrar tributos, de fiscalizar, só para ficar nesses três exemplos. Já a iniciativa privada tem nome, endereço e deve obediência ao Estado concedente. O exemplo mais claro sobre essa questão é possível vivenciar diante dois veículos que venham a sofrer o mesmo tipo de avaria por culpa de um buraco na estrada, uma pedagiada, outra não. O proprietário do veículo que sofreu a avaria na estrada pedagiada conseguirá ressarcimento até extrajudicialmente. Já o proprietário do veículo que sofreu avaria numa estrada sem pedágio será obrigado entrar na justiça, pois é proibido acordo extrajudicial na esfera pública. Pior, nem mesmo acordo judicial no transcorrer do processo pode. É obrigado a percorrer um caminho tortuoso nos tribunais superiores, e ainda com riscos enormes de não ser ressarcido. Ora porque sucumbe pelo custo de manter uma demanda por tanto tempo, ora porque ganha mais não leva. Sem contar que muitos juizes julgam com a cabeça de representantes desse Estado Leviatã, e acaba condenando quem sofreu a injustiça. Essa lógica acontece na relação bancária entre bancos privados e bancos estatais. Entre universidades públicas e universidades privadas, etc. Mesmo contando com o fator humano que desvirtua o instituto por força da corrupção brasileira, essa lógica prevalece. O PT na oposição, com apoio de artistas, religiosos, alguns intelectuais, sindicatos, elite do funcionalismo público, e até determinados segmentos empresarias, satanizaram tanto o liberalismo e em conseqüência as privatizações, que fez refém lideres do escopo do Fernando Henrique e do próprio José Serra, que não souberam enfrentar o debate com clareza. A falsa premissa fazia sucumbir à realidade. Quantos homens na cinzenta Idade Média, tempos de ignorância e obscuridade, enfrentaram sozinhos as bases ideológicas, jurídicas, políticas e religiosas porque eram impostas sobre falsas premissas? Alguns morriam, mas deixavam suas marcas justamente porque tinham a verdade a seu favor. A falsa premissa derrubou a potente União Soviética, derrubou o muro de Berlim com a sua Alemanha Oriental. Mantém Cuba em estado de miséria. Como o Brasil vive uma democracia, com todos os seus defeitos, mas real, o PT se vê obrigado a encarar os fatos e negar as bobagens que apregoava aos quatro cantos. Resta à oposição, a qual me incluo, trazer a público este debate e mostrar que nós sempre estivemos com a verdade e não com a falsa premissa. Convido aos interessados em ler sobre esse tema no meu blog.
Esse texto é uma resposta minha a um colega marxista sobre a tirania do mercado capitalista:
ResponderExcluirOs donos da produção têm o poder de decidir o valor das mercadorias! Isso é um fato, e é um fato principalmente quando essa mercadoria são pessoas. A lei da oferta e da procura pode ser modificada? Acho que a diferença básica entre mim e você é que você tem fé na humanidade e eu não. Não acho que a lei da oferta e da procura nasceu em um determinado momento da sociedade humana, acho que ela nasceu COM a sociedade humana. Provavelmente quando o hominídeo vivia nas árvores já sabia trocar as frutas mais raras por favores e privilégios. A lei da mercadoria escravo foi sim modificada, mas essa modificação não foi contra a lei da oferta e da procura, pelo contrário, foi uma consequência dessa lei. Você diz que a lei da mercadoria escravo valia e hoje não vale mais, será? A nossa língua é pródiga em eufemismos: deixamos de chamar escravos, mas deixamos mesmo de ter escravos?
Concordo que a exploração capitalista existe e é muito, muito grande, mas será mesmo que ela aumentou? Aumentou de fato? Será que o que aumentou mesmo não foi o ritmo de retrocesso? A exploração antes não era bem maior com crianças trabalhando e dias de trabalho de 12 a 16 horas, com ausência total de direitos? Não sei não, mas o que vejo é que por conta da lei da oferta e da procura o trabalhador ganhou benefícios e regalias quando ele era menos numeroso e mais valioso para o empregador; e essa mesma lei da oferta e da procura está hoje fazendo com que o trabalhador perca esses benefícios e regalias porque agora ele é muito numeroso e, portanto, menos valioso.
Sinto que estou conversando com você sobre um tema que invade sua área e não é a minha. Sou professora de português, não estudei história e tudo o que digo é sem nenhum embasamento acadêmico, só observação. Mas o que vejo nisso tudo é uma situação perene sobre a qual o máximo que se pode fazer é entender para usar em benefício da sociedade o que puder ser usado. O problema é que, a meu ver, a base para que se possa fazer isso é a educação, e dessa parece que estamos podendo esperar cada vez menos, infelizmente.
Não acredito tanto assim que a vida pode melhorar. Acho que, no máximo, com muita luta e levando muito tempo, pode acontecer, talvez, de a vida ficar um pouco menos ruim. E assim mesmo nunca para todo mundo.
Esse texto foi escrito para um amigo que disse que eu estava confundindo capitalismo com democracia:
ResponderExcluirDizer que "Lá a situação não está nada bem" é algo que sempre podemos dizer de vários países em vários momentos da história, a diferença, a meu ver, é que não podemos dizer dos países democráticos que "a situação lá não está nada bem" POR CAUSA da democracia, mesmo sabendo que democracia de fato não existe; mas muitas vezes podemos dizer que "Lá a situação não está nada bem" POR CAUSA da ditadura. Para mim essa diferença é crucial. Lamento pelos que perderam e estão perdendo o que têm sempre e por qual motivo for, talvez até mais pela Espanha porque estive lá quando eles estavam bem, fiz amigos lá e me preocupo com eles. Mas daí a dizer que eles deveriam abandonar a democracia e voltar à ditadura vai um grande pulo; e esse pulo eu não dou.
Concordo que estou confundindo capitalismo com democracia, estou mesmo, estou sim, e estou porque de certa forma eles se confundem mesmo. Afinal, basta lembrar a quantidade de "benefícios" que foram dados aos menos favorecidos por puro e "disfarçado" interesse capitalista, basta lembrar a luta da Inglaterra para acabar com a escravidão no Brasil, com interesse unicamente no mercado consumidor que se criaria no momento em que os escravos passassem a ser assalariados. Não sou especialista, mas quase apostaria que a democracia é uma invenção do capitalismo. Isso não diminui em mim a preferência pela democracia como um mal menor. O capitalismo é terrível, a democracia que existe é um horror; mas a raiz de todo esse mal e da impossibilidade de que esse mal se torne um bem é o ser humano, o defeituoso "ápice de criação" que tantas vezes e em tantos aspectos me enoja; e essa raiz não vai mudar. É por isso que me defino como pessimista: Não acredito no ser humano.
Você pergunta: "a luta da Inglaterra para acabar com a nossa escravidão é capitalista e a luta para escravizar foi o quê?" Foi capitalista também, claro! Os interesses do capitalismo mudaram e o que era lucrativo deixou de ser, só isso. E com certeza não foi a única vez que isso aconteceu.
Sim, estamos falando da natureza humana! Você diz: "A culpa é da natureza, de Deus, mas não do capitalismo. Nossa!" A culpa é do capitalismo sim; mas capitalismo não é um ser, e a culpa pelo capitalismo é de quem? Ele não é uma criação humana?
Não sei se concordo com essa ideia de que o capitalismo é um meio e que daí evoluiremos para um próximo passo. Acho que só a história dirá quem está certo, mas em muitos aspectos da vida moderna eu sinto mais um retrocesso do que um avanço. E acho que sempre foi e sempre será assim; a velha história do “Dois passos pra frente, um passo pra trás”.
Não me atrai nem um pouco qualquer hipótese de comunismo. E não me atrai principalmente porque é uma utopia falaciosa. O ser humano NÃO é capaz, simplesmente não é capaz de deixar de ser egoísta e ganancioso. As melhores ideias do comunismo que se possa pensar em defender estão, por conta disso, mortas na raiz.
ResponderExcluirDemocracia não existe de fato, da mesma forma que nenhum tipo ideal de governo existe ou pode vir a existir de fato. O ser humano é falho, egoísta, egocêntrico, ganancioso e sádico demais (como seu deus) para que exista a menor possibilidade de um mundo ou um país ou uma comunidade perfeita. O que podemos fazer, na minha opinião, é nos indignar e, se possível, lutar contra os males da democracia imperfeita: Corrupção, consumo desenfreado, coisificação de pessoas, monopólios criminosos, etc, etc, etc. Os problemas são muitos, e serão sempre. Desde que me conheço por gente tem alguém dizendo que "corremos o risco de a barbárie aumentar" ou "corremos o risco de voltar à barbárie"; na minha visão não é fato que a barbárie "já se instalou", o fato mesmo é que nunca saímos da barbárie; nós a travestimos de várias maneiras e a colorimos de vários tons, mas ela nunca deixou de existir: Somos bárbaros!
ResponderExcluirO problema, a meu ver, é que qualquer tentativa de democracia, por pior que seja, é melhor do que qualquer ditadura. Quanto ao capitalismo tenho pouco a dizer, acho que a famosa lei da oferta e da procura continua e continuará válida; se sou um empresário e posso fabricar meu produto pagando 10 para o trabalhador que contrato não vou perceber nenhum motivo para pagar 100; se estou pagando 10 mas a situação econômica do país, o crescimento demográfico e a conjuntura política mudam a ponto de eu poder tirar 3 desses 10 e passar a pagar 7, é o que vou fazer, pronto! Esse é o pensamento capitalista. Uma merda? Sim, uma merda sem sem dúvida, mas não sei como poderia ser diferente.
Penso que um regime ideal não existe nem tem como existir enquanto o ser humano for o que é. Daí que não vejo como criticar a "democracia"; não porque ela seja boa, mas porque normalmente a crítica a esse regime vai provocar a pergunta: "E coloca o que no lugar?". Eu não tenho uma boa resposta e acho que ninguém tem.
ResponderExcluirPerceber que não existe democracia de verdade é quase que perceber o óbvio; lutar por democracia é uma luta válida; esperar que um dia exista uma democracia é sonhar com o impossível. No entanto lutar por ela é a maneira de tentar chegar o mais perto possível. Não sou contra luta, acho que podemos e devemos lutar contra as injustiças e os abusos, lutemos, pois!
Mas lutar contra o regime, no nosso caso, não faz sentido. Para mim não existe opção melhor do que implantar a "democracia" e lutar de todas as formas possíveis, cada um no seu campo, para que esse regime se aproxime o mais possível do que talvez pudesse ser uma verdadeira democracia, num mundo das ideias platônico; mas sem seguir as crenças políticas de Platão.