terça-feira, 1 de outubro de 2013

19) PONTO DE VISTA - Uma vida sobre o arame

UMA VIDA SOBRE O ARAME

Ouso em trazer à baia da discussão um tema totalmente polêmico, porém presente em nossa sociedade que é a pedofilia. Tanto é presente que na cidade de Londrina preencheu as pautas jornalísticas de todos os meios de comunicação da cidade e causou perplexidade, principalmente no meio político e jurídico, tendo como desfecho a prisão do amigo Marcos Colli. 

Sim, eu como centenas de pessoas do meio político e jurídico, mantínhamos uma relação de amizade com Colli antes dele “cair” e sem entrar no mérito da culpa ou inocência dele, o fato é que ele foi preso preventivamente por suposta prática de abuso a vulnerável. E podem ter certeza, no nosso dia a dia mantemos relação de amizade com muitos outros pedófilos que ainda não “caíram” e por isso não sabemos que padecem desse problema. 

O que leva a pessoa correr esse risco tão grande? É como se a pessoa fosse obrigada a atravessar por um arame esticado sobre um precipício, cuja equidistância inexiste, ou seja, a vida toda andando no arame sem chegar nunca do outro lado. Óbvio que o risco de “cair” é real. 

Quantos dos leitores que estão lendo esse artigo aceitaria transportar droga ilícita num voo internacional por, digamos, 100 mil reais? Penso que poucos, porque, fora à questão moral, analisariam o risco de serem pegos e presos por tráfico internacional, cujas consequências são de natureza gravíssima. 

E quando a prática da ilicitude não envolve dinheiro, mas tão somente a tara sexual? Antes do Marcos Colli “cair” ele viu outras pessoas ilustres, dentre os quais alguns religiosos “caírem”, mas não foi suficiente para ativar seu freio inibitório ou mesmo procurar preventivamente um tratamento (se é que existe). 

Que poder é esse que torna a pessoa totalmente escrava do seu tesão? Essa força que a natureza impôs aos seres sexuados para garantir a preservação da espécie, mas que leva o ser humano a labirintos tão profundos quando direcionado a desejos tidos como não normais? 

O problema todo começa quando esses desejos anormais são direcionados a atitudes ilegais e criminosas, levando a pessoa a se aprisionar numa espécie de limbo comportamental. Por ter essa compreensão me recuso a fazer parte da galera que brada que o Imperador jogue Marcos Colli aos leões para ser devorado. 

Não, Deus não me deu o dom da lucidez para fazer isso. Rogo que a justiça seja feita na medida exata, tal como seria para o suposto acusado de tráfico internacional citado no exemplo acima e rezo para que o Colli, caso realmente sofra desse distúrbio , consiga sair desse arame sobre o precipício e poder, na medida do possível, terminar sua vida andando em terra firme.

Nenhum comentário:

Postar um comentário